sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O capítulo que tenta explicar o começo de tudo


Essa é uma tentativa amadora de contar a história da advogada de mercado de capitais, que dedicou mais de 10 anos para o trabalho corporativo em São Paulo e, então, resolveu passar um tempo em Bangladesh. É uma tentativa, pois não sei ao certo se terei criatividade, fôlego e coragem de fazer o que estou me propondo. É amadora, porque sou uma excelente redatora de contratos, prospectos e outros documentos desinteressantes, mas tenho dúvidas de que serei capaz de escrever uma narrativa livre minimamente interessante. Na volta vocês me contam.

Em algum momento da minha vida eu imaginei que o que eu vivo e conquistei profissionalmente hoje me seria suficiente. Não sei direito porque eu acreditei nisso. Hoje eu quero melhorar, ajustar, complementar. E não, não pretendo parar de trabalhar como advogada, nem de atuar na área de mercado de capitais. Não pretendo abandonar tudo e mudar para uma comunidade distante. Quero usar o trabalho e a experiência para também tentar causar impacto, direto, para quem muito precisa. Ainda não sei como. Ainda não sei quando. Mas a busca precisava começar de algum lugar. Por motivos que contarei mais para frente, resolvi que Bangladesh era um bom lugar para começar.

Semana que vem parto para uma aventura de algumas semanas. Meu destino inicial: Dubai. De lá, pego uma conexão para a capital de Bangladesh, Dhaka. Depois de viver o horror de duas longas viagens de avião (sim, não sou original nesse aspecto, e tenho pavor de viajar usando o meio de transporte mais seguro do mundo), chego no meu quartel general no país estrangeiro. Vou sozinha. Deixo em São Paulo marido incrível, leal e companheiro. Estou ansiosa para ir e viver, só, em uma parte do mundo que se define, na minha visão ocidental, caótica e serena, distante do meu pequeno mundo, ainda tão imaturo e ansioso.

O objetivo principal é acompanhar de perto o programa de microcrédito do Grameen Bank, criado pelo vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2006, Professor Muhammad Yunus. Aprender tudo o que se puder aprender sobre microcrédito e social business e de alguma forma trazer essa experiência para o benefício do Brasil. É isso? Mas preciso mesmo ir até lá para aprender sobre microcrédito? Bom, esse é o objetivo oficial. Espero me deparar com vários efeitos colaterais por lá, transformadores e enriquecedores em todos os sentidos. Quero ver, sentir, cheirar, fotografar, rir, chorar e me surpreender por lá. Depois de alguns anos, a vida corporativa te expõe ao risco de ficar anestesiada. A sensação que eu tenho de vez em quando é que eu perdi a capacidade de me emocionar. Vou em busca disso também.

Tentarei escrever todos os dias, relatando o que eu estiver vivendo e aprendendo no golfo de Bengal.

Bem vindo(a)!

5 comentários:

  1. Fí, como assim, gostei? EU AMEIIIIIIIIII!! Má, como eu gosto de Vc, kidda!! Essas inquietações estão em todas as minhas células também, estou connected. Tanto, que quando voltar, se o que fizer, não importa como nem quanto nem NADA, eu ESTOU IN! Pri Farisco

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  2. Pois saiba que eu te entendo e te apoio incodicionalmente. O trabalho eh uma parte importante da vida mas nao pode ser apenas fim, tem que ser meio tambem. Meio de aprendizado, de crescimento, de expansao do conhecimento, de compartilhar experiencias e muito mais. Os textos estao incriveis. Comecei a ler e nao pude parar ateh ter lido tudo. E asseguro que esta muito melhor (mas muito melhor mesmo) do que os fantasticos prospectos que voce escreve e continuarah a escrever ao longo dos anos. No Butao, o progresso eh medido pela felicidade interna bruta e nao apenas pelo produto interno bruto. Nao sei se funciona bem mas a ideia eh medir o nivel marginal de felicidade que cada medida do governo gera. Talvez seja utopia mas a ideia nao eh de todo o mal. Microcredito eh um pouco disso, eh uma oportunidade de aumentar o produto interno bruto e gerar (certamente) um pouco mais de dignidade e felicidade. No meio financeiro, ha varios anos, eu lembro de um estudo que mostrava que os clientes mais pobres da financeira do Silvio Santos eram os mais preocupado em pagar corretamente as suas dividas. Isso esta em linha com o que voce fala sobre o nivel de inadimplemento do Graamen Bank. Vai com tudo. Aproveita experiencia. Aprenda, viva e curta esse momento que a vida te esta proporcionando. Voce construiu esse caminho. Ele eh seu!!! Beijo grande desde Madrid. Teu padrinho, Necao

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  3. Estou fascinada com seu blog e com a iniciativa. Poucos tem coragem para largar a confortavel bolha onde estamos e tentar fazer alguma diferença. Parabens! Beijo,

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