sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Primeira Impressão

O vôo Dubai - Dhaka não foi tão calmo quanto o anterior. Balançamos ... Sentou-se do meu lado um engenheiro da Costa Rica, que trabalha em uma multinacional italiana que está construindo uma usina de energia no interior de Bangladesh (depois de 3 tentativas de entender a cidade em que ele estava trabalhando, desisti). Ele mora aqui há 2 anos e ficará até o final do ano. A mulher dele ficou na Costa Rica: "vou passar essa grande oportunidade", ela teria dito a ele. Meu vizinho de avião contou que os blackouts de energia em Bangladesh ocorrem muito frequentemente, e pelo o que eu entendi, deixam o nosso "apagão" no chinelo: a cada 3 ou 4 horas existe um blackout de energia nas épocas das chuvas.

A chegada no aeroporto foi tranquila. Menos gente do lado de fora do que eu esperava. O pátio do aeroporto tinha apenas mais 5 aviões além do nosso. Só. E todos eles parecem bem antigos, por assim dizer. Se eu estivesse sem óculos e me contassem que eu estava chegando no aeroporto de Porto Seguro ou na rodoviária de Recife, juro que eu acreditava!

O oficial da imigração que me recebeu, o Sr. Maru (sim, esse é o nome dele), foi a única pessoa pouco gentil que encontrei aqui até agora. Demorou uns 30 minutos para entender o meu nome no passaporte, fazer 3 perguntas (de onde eu vinha, para onde eu ia, onde eu ia ficar) e me liberar. Confesso que por 30 segundos imaginei que poderia ser barrada ... mas logo o Sr. Maru "achou" o carimbo do meu visto concedido pela embaixada de Bangla de D.C. e tudo ficou bem. Ah! Detalhe curioso: no meu cartão da imigração um dado imprescindível que eu precisei preencher: NOME DO MARIDO, responsável pela viajante, se ela for MULHER (mesmo se o marido não estiver com a mulher). Fí, você está registrado nos livros da imigração Bengali!

As malas chegaram bem e logo na saída do desembarque vi um senhor com uma plaquinha com o meu nome. Talvez tenha sido a exaustão, mas não lembro direito o que aconteu entre o momento em que cumprimentei meus anfitriões do hotel e a hora em que eu estava dentro de uma Mercedez branca, no meio do trânsito mais caótico que eu já tinha experimentado em toda a vida. Por 1 minuto eu pensei se deveria mesmo ter entrado no carro com aquele estranho e o que aconteceria comigo se ele não fosse quem ele disse pra mim que era. Mas o calor e a confusão do lado de fora me distraíram até chegar no lobby do hotel.

O trajeto do aeroporto para o hotel é bem curto, mas demoramos mais de 30 minutos para chegar. Não consegui tirar fotos (fiquei sem graça de fazer isso na frente do motorista, com receido de que ele achasse que eu penso no país dele como um circo para turistas), mas amanhã começarei a produção de imagens.

Imagens registradas na minha memória até agora:
  • carros muito velhos, batidos, coloridos, descontroladamente soltos e buzinentos pelas avenidas
  • não há semáforos!
  • pessoas, animais e carros ocupam (ou ainda estão tentando provar que é possível ocupar) o mesmo espaço nas avenidas e ruas de Bangladesh
  • não há divisão clara nas ruas entre a mão de ida e a mão de volta: se um carro está indo em uma direção e resolve voltar, ele basicamente faz um U Return (em qualquer ponto de sua jornada, sem esperar um retorno) e literalmente entra na pista que está voltando
  • tem bastante polícia na rua (fardados, o que me assusta um pouco)
  • todos na rua comportam-se como se fossem personagens do River Raid do bom e velho Atari
  • a recepção inteira do hotel me esperava na porta, todos sabiam o meu nome e foram gentilíssimos
  • meu cartão Visa foi declined na primeira tentativa do hotel e por 30 segundos eles acharam que eu não tinha condição de pagar a conta deles
  • é mais assustador viajar desacompanhada para um país muçulmano do que eu imaginava

Um comentário:

  1. Má, que surpresa incrível esse seu blog. Menina, adorei! Vou seguir assiduamente. Me conta os motivos e propósitos essa trip? Beijo

    ResponderExcluir