sábado, 13 de novembro de 2010

De castigo

Hoje é sábado com gosto de domingo em Dhaka. O dia começou bem, encontrei o intérprete para dar uma volta pela cidade e conhecer algumas lojas. Fomos até à região da cidade onde ficam todas as embaixadas e onde as pessoas com dinheiro vivem em Dhaka. Em tese, o bairro "rico" daqui. Not really. É sem dúvida melhor do que qualquer região que visitei na cidade até agora, mas longe dos padrões que temos em São Paulo. Mas lá o trânsito é menos intenso, menos lixo nas ruas e bem menos barulho. 

Falando nisso, o país está barulhento hoje. Mais do que o normal. Há um conflito intenso entre a oposição e o governo, com manifestações nas ruas e muita polícia. Voltamos mais cedo para o hotel por causa disso. A irmã do intérprete ligou para ele no começo da tarde e disse que deveríamos voltar para casa rapidamente.

Não dei muita atenção para o fato, até porque manifestações acontecem sempre na esquina da avenida Paulista em que passo a maior parte das horas do meu dia .... mas manifestações em Bangladesh não são muito pacíficas. "Marina, não tira foto da polícia, eles não gostam ... guarda a máquina". Ok Younus, desculpe ...

O partido da oposição - Partido Nacional do Bangladesh - liderado pela antiga primeiro-ministro Khaleda Zia, convocou uma greve geral para amanhã, para protestar contra o governo atual, pela "suposta" falha no fornecimento de serviços básicos para a população bengali, tais como luz, água e gás. O governo, em resposta aos manifestantes, colocou 10.000 agentes da policia espalhados pela cidade, para garantir a ordem durante a greve. Escolas, escritórios e lojas foram fechados. A última greve geral que o país teve foi em 2008. 

Recebi uma ligação do Grameen e fui orientada a não sair do hotel até segunda ordem (que na verdade significa que devo ficar no hotel até a greve acabar). Minhas reuniões foram canceladas. Aqui eu estarei bem e ninguém deve se preocupar. "O Grameen faz isso por precaução ... na terça feira tudo estará de volta ao normal e você continuará as reuniões, sem problemas". 

Tá certo. Não tem muita escolha. Paciência. De novo.

De castigo no hotel. Preferia o exílio no campo, em alguma vila de Rajshahi.

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