terça-feira, 23 de novembro de 2010

Impressões finais e correções

Hoje li pela primeira vez os posts que escrevi desde o primeiro dia em que saí do Brasil e achei que valeria a pena atualizar algumas impressões e idéias minhas que não se concretizaram durante a viagem, ou que eram equivocadas mesmo ...

Achei melhor fazer isso em um post separado, para não mexer nas minhas descrições originais, as quais descrevem fielmente o que eu enxerguei e senti quando as escrevi ... lá vai a versão verdadeira (ou mais precisa) de alguns fatos:


1. as mulheres que eu vi no portão de embarque em Dubai eram na sua grande maioria muçulmanas e não hindus ... a minha ignorância inicial me levou a acreditar que as mulheres sem cabeça coberta, contentes, falantes e vestindo cores cítricas não eram muçulmanas ... me enganei. Hoje eu consigo distinguir claramente uma "veste" muçulmana de um sári hindu, os penteados, a maquiagem, as tatuagens de rena (nas muçulmanas é sempre nas palmas das mãos e nas hindus é nas costas das mãos) e o símbolo de casamento (muçulmanas colocam um piercing no nariz e hindus fazem uma marca de tinta vermelha na raiz do cabelo). E as muçulmanas falam bem alto, dão risada e fofocam como qualquer mulher e definitivamente fazem mais filhos do que as hindus. Descobri que a população muçulmana no mundo é a que mais cresce, em níveis desconcertantes, inclusive na China e na Índia. Tostines é fresquinho porque vende mais ou vende mais porque é fresquinho?;

2. as mulheres hindu também cobrem a cabeça e o cabelo, mas em raríssimas ocasiões: nos templos e outros lugares sagrados e para fugir do vento e frio ... elas também podem mostrar a barriga (o que é um escândalo para as mulheres muçulmanas). Em todas as outras situações, elas estão liberadas;

3. todos os motoristas que eu conheci em Bangladesh me roubaram e cobraram caríssimo as minhas viagens do hotel para o Grameen e vice-versa (o caríssimo era menos de 15 dólares cada viagem);

4. nunca mais vi o Sr. Wazed Ali - dei o maior furo nele e esqueci que nos encontraríamos em um dado sábado para fazer um tour pela Old Dhaka. No mesmo final de semana eu estava em Rajshahi;

5. a dinamarquesa foi outro engano. Não que ela não fosse simpática. Era muito. Mas apenas a vi em duas outras ocasiões depois do meu primeiro dia no Grameen. Definitivamente não foi a minha companheira de viagem;

6. ninguém contou para o governo de Bangladesh que está na hora de investir no país. A guerra da independência, que ocorreu em 1971, ainda está presente na destruição, miséria e união da população bengali;

7. quando a Grande Índia foi dividida em Índia e Paquistão, em 1947, Paquistão fez questão de ficar com o pedaço de terra onde é hoje Bangladesh, pois lá já vivia uma grande comunidade muçulmana. Por algum motivo irracional, os ingleses concordaram. Um dos motivos por Bangladesh, quando ainda era Paquistão Oriental, ficar tão isolado e desamparado e cair em miséria ainda maior, foi a própria Índia, que proibia que aviões do Paquistão Ocidental voassem em seu espaço aéreo para ir para o Paquistão Oriental. Desde a separação os dois países são inimigos e odeiam-se até hoje. Até eu já não gosto do Paquistão ... Enfim, toda vez que o Paquistão Oriental tinha um problema envolvendo desastre natural ou doença, Paquistão Ocidental demorava muito tempo para socorrer, também por uma questão logística - isso não os desculpa ou justifica, mas ajuda um pouco a entender a completa falta de comunicação e interação entre os dois países “Paquistão”;

8. o meu post chamado “Primeiras Impressões” está correto em todas as minhas impressões;

9. por uma bagatela extra, você consegue comprar pacote de Cable TV até em Bangladesh. Não são 100 canais ou coisa parecida, mas consegui uns 15 canais adicionais, em inglês, que me ajudaram bastante a entender o país e a região;

10. o povo Bengali realmente ama o time de futebol brasileiro, mas a competição com a Argentina é forte: quase metade das pessoas no interior prefere o time do Maradona (fiz a pergunta em várias reuniões de grupos de mulheres e as turmas eram bem divididas);

11. as caixas de lenço de papel que existem em toda e qualquer mesa e canto de Bangladesh não servem apenas para tratar renite e poluição. A maioria das pessoas come com as mãos e o papel serve também para limpar os dedos após as refeições;

12. a falta de energia é uma verdade constante sempre: nas épocas de chuva e no inverno também. Faça chuva ou faça sol, pode contar que vai acabar a energia umas 5 vezes ao dia;

13. apesar da nova lei, que foi aprovada em 1º de novembro, ordenando que pedestres só podem cruzar as ruas de Bangladesh usando a faixa, tais famosas faixas brancas ainda não foram pintadas e ninguém se preocupa com isso;

14. muita gente morre em acidente de carro ou rickshaw ou ônibus ou CNG por semana;

15. mais da metade dos motoristas de Bangla são analfabetos;

16. mehedi nas mãos só é bacana nas muçulmanas originais. Brasileiras neuróticas pelas unhas não combinam com o costume;

17. a elite de Bangla não mora em Bangla. Eles estão espalhados pela Europa e pelos Estados Unidos. Quem constrói o país? Boa pergunta;

18. a Khaleda parece melhor pessoa que a primeira ministra atual ... mas isso realmente é só mais uma impressão;

19. Bangla produz o melhor algodão do mundo. 


Até que foi bom, não?

Acho que acertei mais do que errei ...

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