segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Passatempo

A italiana se estropiou na semana passada. O richshaw dela foi atropelado por um caminhão, eles bateram em uma vendinha de laranjas, todo mundo foi parar no chão. A coitada está com um corte e pontos no queixo, toda ralada nos braços e na perna (ela estava coberta, mas não adiantou). Todo mundo da cidade tem uma história para contar de acidente com rickshaw. É tão comum quanto ser assaltado nos semáforos de São Paulo. O que será que é pior?

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O horário padrão do comércio aqui em Bangladesh é das 9 às 4 hs. Os bancos fecham antes, às 3hs da tarde. Fiquei pensando porque esse horário tão elástico, numa economia que nitidamente precisa de mais atividade ... deve ser o trânsito ... ninguém consegue começar a trabalhar antes das 9, e se forem para casa depois das 4, não chegam para o jantar às 8. Essa semana o governo ordenou que os bancos fechem mais tarde, para que as pessoas possam retirar os seus salários e economias para se preparar para o Eid.

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O time feminino de cricket de Bangladesh está nos jornais dessa semana. Elas ganharam de Hong Kong na estreia dos jogos asiáticos e foi uma lavada. O próximo adversário é o Japão. As meninas ganharam foto no jornal local e tudo. Já o time masculino de futebol, foi o primeiro desclassificado da competição e está voltando para casa mais cedo.

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No jornal de hoje tem a notícia de que um "stalker" foi condenado a um ano de cadeia e multa de 500 takas por ter perseguido uma mulher chamada Amena Begum, pelo celular por muito tempo. Ela é casada e tem um filho, e foi o marido quem denunciou o cidadão.
 
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O governo de Bangladesh está finalizando projeto de nova lei ambiental, para punir quem derruba florestas de forma irregular. As penas variam entre 3 e 10 anos de cadeia, e multas até 100 mil takas. Essa semana foi aprovada nova regulamentação sobre microcrédito, que proíbe a cobrança de juros em taxas superiores a 27% ao ano e autoriza o pré-pagamento por parte do mutuário a qualquer momento.

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Semana passada aconteceu um episódio engraçado. Eu estava no supermercado perto do Grameen, comprando biscoitos e chocolates, e estava sem dinheiro. Entreguei meu cartão de crédito de chip. Depois de alguns minutos conversando com o caixa, finalmente conseguir explicar a ele que esse cartão não era de “passar”, mas sim de “senha”, e ele conseguir encaixar o plástico na máquina, gritou, com tranquilidade e bem alto: “Madam, can you tell me your pin number?"  Como é que é? Depois de digitar a senha dentro da cabine do caixa, com todos me olhando (eles não sabem que brasileiros são neuróticos e não deixam caixas e todos os clientes de supermercados saberem qual a sua senha do Visa) fui obrigada a assinar o comprovante do cartão. Consegui convencê-lo de que o cartão era de chip, mas não consegui convencer nem ele, nem o gerente da loja, de que eu não precisava assinar o recibo.
 
 

Um comentário:

  1. Ma, ler os seus relatos funciona como um oasis nesse dia a dia maluco. Como se eu pudesse passar alguns minutos por dia em Dhaka. Obrigada!
    Beijo, Marina

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