domingo, 14 de novembro de 2010

Fim da manifestação

Acabou de acabar a greve e a manifestação do partido da oposição em Bangladesh. Resultado final: alguns mortos, muitos presos, ex-primeira ministra despejada de sua residência aos prantos, carros destruídos e hotel reaberto. Podemos sair nas ruas novamente. O governo acaba de autorizar. Com o sinal verde, os homens do serviço secreto e os soldados do exército que estavam no hotel (mais de 30), despedem-se dos hóspedes e vão embora.

A cultura, a religião, o trânsito, a poluição, a sujeira, as estradas, os carros, os rickshaws, a água, a malária e outras verminoses tropicais não bastavam, claro. Se você vem para Bangladesh e não vive uma rebeliãozinha da oposição, não é a mesma coisa. :)


Enfim, hoje foi um dia bem esquisito. Segundo o gerente do hotel "devemos ficar aqui por precaução Madam, mas não tem com o que se preocupar". Na medida em que o mocinho da recepção me falava isso, marchavam para dentro do hotel muitos homens fardados, com metralhadoras nas mãos. Fiquei com uma vontade irresistível de tirar fotos da cena, mas lembrei do intérprete me falando que a polícia não gostava de fotos. O exército deve odiar fotos.

"Precisamos de tudo isso? Até parece que o hotel vai ser atacado".

"Há muito tempo um evento como esse não acontece, mas não gostamos de tomar riscos. Por isso o serviço secreto e o exército estão aqui para proteger o hotel e seus hóspedes. Além disso, temos carros blindados para levar os hóspedes para o aeroporto, se necessário".

"Ah ... agora estou muito tranquila. Vai ser um dia realmente relaxante".

Enquanto isso, no lobby do hotel, um piano tocando a música do Fantásma da Ópera. (?!)

Me senti dentro de algumas cenas de Titanic e de Hotel Ruanda. Muito menos drástico que a situação dos dois filmes, é claro, mas um frio na barriga. "Imagina se estoura uma rebelião nesse país? Fujo para onde?"

Fiz ginástica, comprei um soverte de chocolate no bar da piscina, voltei para o meu quarto e vi 2 filmes. Fui interrompida por umas 4 ligações do Grameen e umas 2 do intérprete para ter certeza que eu estava obedecendo eles e que não sairia do meu quarto.

A última ligação foi do intérprete: "Marina, estou aqui no lobby. A rebelião acabou. Você pode sair, se quiser".

Tomei um café com o intérprete e voltei para o quarto. Amanhã tem muito trabalho para terminar.

Todos os hóspedes do hotel vão bem, obrigada!

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