terça-feira, 9 de novembro de 2010

Rajshahi - Parte 2

A neurose do álcool gel e de lavar as mãos a cada duas horas ainda não passou. No interior adicionei uma terceira paranóia ao cotidiano: repelente. O intérprete diz que não tem um caso de malária aqui nessa região há muito tempo, mas tem muita dengue. Observando a redondeza por cinco minutos pude perceber que cada casa tem a sua criação particular de dengue – impressionante como tem poça, lago, lodo, musgo, água e mais água por aqui. Não posso ter dengue. Já tive uma vez no Brasil, no ano passado. Não quero testar a segunda vez logo aqui.


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Notei que os diálogos em Bangla são sempre muito longos. Eles ficam conversando por cinco minutos e eu pergunto ao intérprete: “qual foi a resposta dele”? O intérprete diz: “essa branch não teve nenhum inadimplemento de um dia sequer nos últimos três anos”. Eu digo, “mas demorou tudo isso para contar que não tem problema”?

“É Marina, na lingua Bangla nós falamos muito para falar pouco”.

Isso quer dizer que eles se expressam muito bem ou muito mal na língua mãe? Para constar, tem prêmio Nobel de Literatura nascido aqui em Bangladesh.


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As pessoas em Bangladesh “mascam” uma folha que chama “PAAN”. Tirei fotos das plantações – o intérprete me levou. Parece que há outras formas de se usar PAAN: no chá e no cigarro. Perguntei se dá barato. O interprete disse que dependendo da forma como se usa, sim. Todos que mascam PAAN ficam com os dentes vermelhos. Eu já tinha visto alguns sorrisos avermelhados até então e ficava me perguntando o que poderia ser. Segundo o intérprete, PAAN ajuda na saúde e é considerado uma boa prevenção ao câncer. Definitivamente não há como eu checar essa informação, mas notei que até os pequenos de menos de um ano têm sorriso vermelho por aqui. Se dá barato, temos uma geração de alucinadinhos sendo criada aqui.
 
Foto de uma plantação de PAAN que visitamos na vila ...
 
 

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